sexta-feira, abril 11, 2008

Roubaram lhe tudo!!

Quando o M* me telefonou a meio da noite a informar-me que lhe roubaram o carro fiquei solidário, mas o mais estranho do telefonema foi a forma personalizada como este descreveu o roubo.
Passava pouco das 4 da manha, quando se deslocou à janela afim de fumar o ultimo cigarro antes de dormir.
A rua onde o M* vivia com o seu parceiro é das mais calmas de toda a cidade, o silêncio é de todas as características a mais predominante, quando viu um casal de jovens a percorrer a rua de mão dada, com o amor como companhia não estranhou, talvez a hora, mas a paixão não tem idade muito menos hora. Os jovens ao vê-lo acenaram com as mãos. Que simpáticos pensou, respondendo ao aceno com um piscar de olhos. A chama do cigarro aproximava-se do filtro, quando um carro familiar passa junto à janela. - É o meu carro! Gritou
A casa torna-se uma pista de obstáculos, ao chegar à rua grita.
-Ladroes!!!, porque me estão a roubar o carro?
Podia enumerar uma lista de frases profanas adequadas ao momento, mas de certeza nenhuma com ponto de interrogação.
Ao ver-se na rua sozinho chama pelo companheiro que estava a dormir, a recuperar da noite tórrida de sexo que tinha antecedido ao roubo. P* desce em sobressalto as escadas e aterra nos braços do companheiro.
-Que aconteceu amor? Pergunta P*. com expressão de horror.
-Roubaram me o carro, aposto que são os teus pais para se vingarem de mim. As palavras de M* eram de uma certeza assustadora.
-Como te atreves a desconfiar dos meus pais. Diz P* indignado.
M* conheceu P* na Suiça, quando ambos se encontravam a trabalhar nas vindimas, a cumplicidade entre ambos foi espontânea. A relação dos dois tornou-se motivo de comentários entre a comunidade de Portugueses. Durante uma noite como tantas outras o capataz da vinha surpreende os dois a praticarem sexo oral, o despedimento foi a solução encontrada. Ao voltarem para Portugal resolvem partilhar as vidas, os pais de P*, intensos conservadores opõem-se à relação dos dois, e fazem de tudo para destruir a felicidade de ambos, ao ponto de acusarem M* de bruxaria. P* observa a tudo isto com pacifismo, o que origina as mais variadas discussões entre eles.
A voz dele ao telefone era de uma calma quase incomodativa, a forma calculista como ele descrevia o assalto não era normal, algo não batia certo.
-M*, posso falar com o P*? Perguntei eu com pavor da resposta.
-Não! Ele é só meu, ninguém vai conseguir afastar-me dele. Responde ele com a respiração a trair lhe a voz.
-Que foi que fizeste? Espero que não tenhas cometido nenhuma loucura. Neste momento estou completamente acordado, esqueço-me que são quase 7 da manha.
Ouço um barulho que após cair na realidade me apercebi que era o disparo de uma arma.

* Devido à veracidade da história e de forma a proteger os intervenientes optei por não desvendar os nomes.

3 comentários:

darkman disse...

lol ó man, hesito... publicar esta estória aqui... mas tu lá sabes :p

Kispo disse...

lol! de longe a melhor estória escrita neste blog!

Anónimo disse...

Nossa... que situação...

Gostei da forma como descreveu os fatos.

Bjos, Fer.